Cinco edifícios para morar em Belo Horizonte
Atualizado: 9 de set. de 2020
Já morei em 7 bairros diferentes. Morei em apartamento pequeno, apartamento grande, cobertura, casa de vila, sobrado e apartamento térreo. E teria morado em outros bairros e experimentado outros tipos de habitação se meu endereço fixo ainda fosse em BH. Sempre que ando a pé - e ando muito, olho para cima e para os lados. E em frente a cada fachada de edifício que me chama atenção, fico imaginando como é o interior do apartamento, como seria morar ali, qual café eu frequentaria na região, quem seriam os vizinhos e por aí vai.
Nessa história de me manter atenta às edificações da cidade, acabei me tornando uma referência entre amigos e conhecidos quando o assunto é 'um lugar legal para morar'. Por isso, resolvi compartilhar uma lista com quais seriam meus 5 próximos endereços na cidade (quase na ordem abaixo):
Antes de começar, o número 0: minha última morada em Belo Horizonte.
0 - Do lado de fora, o edifício não tem nada especial. Porém, seus apartamentos com espaços generosos e amplas janelas que abrem vista para o Parque Municipal e para boa parte da cidade impressionam. O 13º andar do Edifício Automóvel Club, onde morei nos últimos 4 anos antes de me mudar para SP, transformou completamente a minha relação com a cidade. Jamais imaginei que morar em pleno Centro de BH significaria ganhar mais qualidade de vida e conseguir vivenciar ativamente o que a cidade nos oferece.
Estas fotos foram feitas logo quando nos mudamos para o Edifício.
1. Quando era criança, ele despertava minha atenção pelas cores da fachada, pelo nome e número que aparecem vazados no muro. Mas é por causa do concreto aparente, das formas cilíndricas, das escadarias e dos corredores que o Edifício Tinguá, assinado pelo arquiteto Eolo Maia, entrou na lista 'lugares que quero morar em BH'. São 4 andares, 4 apês por andar e dois blocos. Por dentro, apesar de não serem muito grandes, os apartamentos possuem uma boa divisão interna e são bem iluminados.

2. O Edifício Fernão Dias entra na lista por reunir alguns elementos que amo: fachada cega de tijolinho, hall de entrada com pilar em V e azulejos, além de generosas janelas. O prédio tem apenas 5 andares e os apartamentos medem 241m2. A localização? Antônio de Albuquerque entre Rua da Bahia e Levindo Lopes, um pedacinho sem muito trânsito que reúne bons restaurantes, livraria de rua, galeria e lojas legais da cidade.

3. Quando se fala em Praça da Liberdade, imediatamente pensamos no Edifício Niemeyer. Suas curvas e a forma com que os espaços privados e públicos se integram naquela esquina são mesmo incríveis. Mas é o Edifício Campos Elíseos (1962), que tem projeto de Raul Lagos Cirne e Luciano Santiago, que sempre me chamou atenção. Ele reúne características marcantes do modernismo como elementos vazados, pastilhas e grandes pilares.

4. Foi bem próximo ao cruzamento da Assis Chateubriand com Francisco Sales que passei a maior parte da minha infância. E aquele prédio que ocupa um quarteirão inteiro, com janelas de vidro esverdeado, amplas calçadas que abrigam jardins com grandes árvores e lírios amarelos sempre esteve ali, imponente, chamando minha atenção. De arquiteto desconhecido, o prédio foi construído na década de 70.

5. Com fachada toda em concreto aparente e uma grande porta de madeira em sua entrada, o Edifício Violeta Branca, na Rua Antônio Aleixo, possui um jardim frondoso integrado com a calçada. Algo bem diferente dos prédios vizinhos com muros e grades. Há quem ame (como eu) e há que ache sua arquitetura um tanto esquisita. Os apartamentos são luxuosos: medem 430m2, são duplex, a sala possui pé direito duplo e cada apartamento tem uma generosa varanda. Provavelmente foi construído na década de 80 e também não encontrei registros da autoria do projeto.

Por que mudei tanto e ainda me mudaria tantas vezes mais? É uma delícia a sensação de ver com olhar fresco e curioso os espaços da cidade que a gente já conhece. E a arquitetura do lugar que você escolhe para viver e a forma como ela dialoga com o entorno influencia nessa experiência de ver e vivenciar a cidade. E essas experiências são valiosas!
E você, qual edifício escolheria para chamar de lar e porquê? Comente :) * por Mônica Boscarino. Texto publicado em uma coluna do SiteND.